segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Uma carta da Vida.


O que você está fazendo aqui? O que te trouxe aqui – bem aqui, mesmo – e por que você ainda permanece? Ora, eu não sei o motivo de você permanecer, mas eu sei quem te trouxe. Fui eu. Eu, ser bobo, a Vida. É estranho, não é? E sim, você está falando com si próprio, e com todos no mundo, ao mesmo tempo. Uns me chamam de destino, outros me chamam de carma, de tempo, mas na verdade eu sou tudo isso e sou nada disso. Eu sou você. Eu sou ele, aquele, vocês, todos. Eu sou o que pulsa dentro de todos e de cada um. E não tenho nome, só pseudônimos, você escolha qual prefere. 
Na verdade, não interessa como me chame, eu domino a maioria de vocês. Claro, vocês amam me culpar de tudo o que fazem, “a vida me trouxe a isso”, “foi o destino”, Ah, quanta besteira! Eu não sou responsável pelas suas burradas. Eu só levo você às consequências, e isso pode ser à qualquer parte, mas mais precisamente à duas posições: ao sucesso ou ao nada.
Vocês, seres humanos, tão racionais, basicamente se dividem entre: os que se movem e os que eu movo. A maldita decisão sempre foi de vocês, sempre o direito de escolher o que fazer e pra onde ir, eu só encaminho. Nada pode ficar parado, sem movimento algum, e se você não der um passo, eu te movo, nem que seja com empurrões, e você para onde eu quiser que pare, e se não se movimentar nem para evitar, irá se deixar levar. E quer saber onde eu te levo? Ao nada. Nunca darei sucesso a quem não se move nem para evitar meus empurrões.
Ah, pequena criatura, acha que não é um dos que eu domino? Acha que se domina? Reflita de novo. Nesse século, poucos são os que tomam as rédeas que eu ergo diante dos seus olhos e controla o que eu disponho, a maioria só se deixa ser marionete. Quão cansativo para mim é empurrar milhões de vocês todos os dias! Como sinto falta de Eistein, de Nobel, de Aristóteles, isso só para citar os poucos que realmente fizeram algo pela humanidade, diferente da maioria de vocês.
Eles se moveram, me deram gosto em deixar as rédeas correrem soltas enquanto eles guiavam, foi um deleite promovê-los ao sucesso. Hoje tudo o que a humanidade é, deve um pouco a eles. E olhem como vocês a usam mal... francamente, estou perdendo o sentido!
Não me retiro de você, talvez, por pensar que ainda pode se mover ao invés de me deixar trabalhar tanto. E minha irmã, a Morte, ela está ocupada terminando o meu trabalho para que eu a preocupe com essas burocracias, que vocês chamam de epifania ou algo nesse sentido. Ela tem tido muito trabalho, talvez mais até que eu.
Mas agora, pode seguir, sendo empurrado por mim ou tomando as minhas rédeas. Eu não sou fácil, e muitas vezes sou amarga, mas sei de minha beleza, e ela é grande o suficiente para você não cortas os fios que te mantém ligado a mim. Pode não pegar as rédeas, pode ser empurrado, mas ainda está aqui, não está? Então, humano, tome logo as malditas rédeas e faça por si. O “nada” já está bem lotado.
Te deixo agora com essa reflexão, preciso manter muitos corações batendo, há serviço para ser feito. Espero que eu seja longa pra você, e que você me faça linda. 

Assinado, sua Vida.