segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Sei lá.

Faz tanto tempo. 
Tantas coisas mudaram. 
Às vezes até parece que esqueci como escrever... Mas hoje, sei lá, acho que precisei por em palavras algumas coisas. 
Que ano, heim?! Que ano. Eu sei, você sabe. Que ano. 

Pra ano que vem, penso em tantas mudanças... talvez eu esteja dirigindo. E em dieta (Sim, mais uma vez. Eu sei. É. Vai que dessa vez funciona.). E no terceiro ano da faculdade (Mais pacientes. Mais responsabilidade.). Vida amorosa ta maravilhosa. Sei nem explicar como to feliz, chega até ser estranho. 

2015 ta me levando tanta coisa... me dando tanta coisa. Sei bem o que mudou, o que foi embora e o que chegou. Sei bem o quanto cresci. Sei todas as lágrimas derramadas, e todos os sorrisos. Sei as vezes que fraquejei, as que levantei e as que só fiquei deitada deixando as coisas pra lá. Sei que abandonei muitas coisas e que fui abandonada. Não sei se volta, não sei se quero de volta. Acho que 2016 vai deixar as coisas melhores. Encaminhadas, ajustadas. To sentindo que vai ser um bom ano, talvez um dos melhores da minha vida. No final dele, eu releio e isso e vejo se tava certa. 

Geralmente, eu to certa. 


domingo, 28 de dezembro de 2014

Felicidade de toque morno, gosto doce e coceirinha engraçada no nariz

      
        Ao pender a minha cabeça, com o ar com cheiro de risadas e restando alguns resquícios delas, olhei para um ponto fixo perdido enquanto recuperava o fôlego e sentia os músculos do rosto reclamarem por trabalharem tanto. A mão entrelaçada com a minha no sofá e seu dono me eram só carinho, e me faziam perceber a morna felicidade me preencher as bochechas e o peito. Olhei para o lado sabendo exatamente o sorriso que ia ver, mas ainda assim, me surpreendo ao vê-lo, como se sempre fosse um show inédito.
      Deixando o pôr do sol regado a séries com episódios longos e macarronada requentada, a noite chegou sem pedir licença; as horas passavam rápido demais. A noite estava úmida, sentia quase grudá-la sob a minha pele, enquanto caminhava pela rua com uma palma de mão quente junto a minha, embora as pontas dos dedos insistissem em usar o dorso da minha mão para batucar uma melodia desconhecida a mim. Crianças da vizinhança corriam pela rua estreita, avistamos um morcego voar ao longe e ouvi uma piada idiota e bobinha envolvendo Batman e ele precisar ir, que inevitavelmente me fez rir de novo e ele sorrir presunçoso em resposta.
         Paramos em um ponto perdido da rua, à espera da vontade de despedidas que nunca vinham. As mãos entrelaçadas despertaram uma guerra silenciosa de dedões, que eu sempre (ou quase sempre) ganhava. Após a minha vitória e uma pequena discussão sobre como eu tinha roubado por ter conseguido permanecer invicta por três vezes seguidas, houve um beijo em forma de sorriso e uma declaração sussurrada mútua, que fez a felicidade morna se derramar na minha boca e seu gosto doce me inundar, o mesmo gosto doce daquele beijo.
         Um abraço me envolveu e a movimentação dos braços envolta de mim já era familiar, reconfortante e necessária. As despedidas repetitivas queriam encerrar o dia, mas o abraço não frouxava. Após as mãos desatarem, os dedos se tocarem pela última vez, os corpos se separaram com resistência, e olhamos nos rostos um do outro e ali não couberam palavras, só um aceno para depois sairmos andando. Ouvi um “Ei moça, eu te amo!” gritado da rua, e eu sorri ao responder “Eu sei!” e sussurrar para mim mesma que também o amava.
            A vizinha de três casas após a minha me olhou daquele jeito compadecido de quem já viu aquilo tudo várias vezes, e eu sorri de volta ao perceber que aquela cena iria se repetir várias e várias vezes mais, porque a felicidade só me preenchia, só transbordava, e ela tinha um toque morno, gosto doce e coceirinha engraçada no nariz, como um bom beijo tem. 

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Meros devaneios.


Constantemente reflito sobre pontos naturais da rotina. Aqueles sorrisos idiotas ao lembrar algum fato bom, seja uma piada completamente sem graça mas que riu até a barriga doer, seja um beijo roubado entre sussurros numa tarde quente; ou aquele embrulho no estômago quando percebe que em certos pontos da sua vida a coisa anda meio amarrada, em um nó de confusão e desencontros. O modo como vivemos a vida, ou sobrevivemos, tem vários detalhes que - se olhar bem de perto, com carinho e atenção - brilham feito pequenos caquinhos de vidro ao sol. 
Nós, meros humanos, somos uma junção de caquinhos de vidro: por um lado lindos e por outro perigosos, podemos fazer alguém sangrar. Como diz A Morte em certo livro "os humanos me assombram", e depois de refletir o suficiente esta frase, percebo que faz todo o sentido... somos assombrosos, somos magníficos e terríveis, de um extremo ao outro, como uma erupção vulcânica pode ser dependendo da perspectiva. 
Sem falar do que somos feitos... E aqui eu não me refiro ao esqueleto, aos músculos, à pele ou o coração que pulsa, mas sobre como o meio nos modifica, como a situação nos modifica, sobre do que são feitos os sentimentos e pensamentos. 
Cada um é diferente, cada um é moldado à seus sofrimentos e glórias. A dor ensina mais que o amor, mas o amor molda melhor que a dor... são necessárias doses certas. Obviamente, não vivemos num mundo ideal, há sempre dois pesos e duas medidas, e de repente tudo é uma perfeita confusão: sentir é complicado, pensar é complicado, cada um com seu peso e sua medida de sofrimento e amor e essa é a grande diferença de um ser humano e outro: o amor e a dor podem criar desde o mais belo anjo  ao monstro tenebroso. É complicado. 
Não sei exatamente qual dos dois sou, não sei sequer se é possível saber, só sei que esses meus devaneios só não me enlouquecem porque antes disso as palavras fogem e se organizam, aqui, belas e cálidas, em forma de frases e linhas. E você lê. Obrigada por ler. São só meros devaneios... não se preocupe, eu também sou feita de cacos de vidro. Olhe contra o sol, posso produzir belos reflexos... talvez até muitas cores, mas eu também sangro. 

domingo, 25 de maio de 2014

Menina do sorriso largo e olhos tristes.


Ah, menina do sorriso largo e olhos tristes, como é engraçado te ver todo o dia respirar fundo e encarar o mundo. Quão estranha és diante de todos e ao mesmo tempo familiar, como se o mundo te abraçasse e enquanto sussurra "sai pra lá". 
Por que tão sozinha, garota? Por que tantos amigos e ao mesmo tempo sem nenhum? Por que tanta auto confiança nesse rostinho de boneca enquanto por dentro desmorona? Por que quer ser sempre de ferro mas por dentro de areia? O que ganhas? Onde queres chegar? Ah, se todos pudessem ver essa tua tristeza profunda por trás desses olhos multicoloridos...
Se desintoxica, querida. Vomita essas palavras, grita pro mundo. Acaba com esse comichão dentro de ti, ri e chora pra ver se essa amargura passa. Corre de olhos fechados, deixa o vento estapear teu rosto, grita pro nada... grita pro tudo! Te limpa de dentro pra fora, te renova, te aceita, te ama. Te ama. 
Vem, já é hora de parar de chorar. Ora, venha. Jogo do contente, pequenina. Lembre-se. Tudo vai ficar bem. Sim, eu sei, nada está bem agora mas vai melhorar. Pense positivo. Respire. Há esperança, certo? É, sei que agora parece não ter... e pra falar a verdade, quase nunca parece ter. Mas tem. Vai ficar tudo bem. 
Fique bem, menina do sorriso largo e olhos tristes. Fique bem. 

terça-feira, 8 de abril de 2014

Nova vida.


A garota poderia ter medo, quem sabe, de tudo o que estava por vir. Muitas têm. Ela sequer estremeceu. Ficou ansiosa, talvez nervosa, mas não com medo. Não, não era coragem, mas era excesso de medo – e as vezes o excesso faz isso com as pessoas: ele as deixa entorpecida. Nem sabia que as novidades, os acontecimentos, poderiam ser tão velozes! Como a vida dela mudou tão rápido? Antes o horizonte era tão próximo, o céu tão baixo, as perspectivas eram leves e quase inexistentes. E agora... ela olha ao redor e mal acredita na vida que está entranhada nela, que a possuiu, que a envolveu e engoliu.
Nenhum plano seguiu seu curso, todos falharam mas outros surgiram e de repente viraram a vida dela. Agora acorda cedo, carrega livros gigantes e pesados nos braços, mexe em cadáveres, passa o dia perambulando entre salas de aula, laboratórios e bibliotecas. A exaustão é morna e pesada, está sempre presente no final de cada dia, no entanto ela aprendeu a gostar. Aprendeu a suportar as dores de suas limitações, os olhos ardendo de sono e até os enjoos devoradores, colocou tudo no bolso e escolheu viver. Viver plenamente, abraçar o que foi dado, respirar esse ar e sorrir, sorrir porque afinal encontrou o seu lugar, e o seu lugar é a parte viva e ativa da vida, a parte que se move, que vai pra frente, que tem um curso contínuo e incansável.
Há novas situações surgindo da antiga-nova-situação e ela as peita e encara nos olhos. O futuro é extenso, brilhante e alcançável. A perspectiva agora pesa e é grande, sólida, mas não importa, ela não tem dúvidas de que pode chegar lá. Aliás, o “chegar lá” que tantos disseram entre frases de motivação e acalentos, também mudou. Não mudou tanto, mas a vertente em si mudou de alma e de lugar. Descobriu que o “certo” de antes não a completaria como o antigo “errado” e agora “certo” o faz.

Por mais que clichê, é preciso dizer esta verdade: a vida nos surpreende. Algumas vezes de uma maneira ruim, outras de uma maneira boa, mas o que a garota aprendeu e repete isso sempre que pensa no assunto é que encarar as coisas boas e ruins nos faz criar mil e umas possibilidades de caminhos e chances em nosso destino. Permita-se. Encare. Seja forte, não tenha medo (e se tiver, siga com medo mesmo), as situações tem o costume de terem duas facetas, não as olhe como se fosse só boas ou só ruins, são sempre os dois em equilíbrio. E o equilíbrio, leitor, você sabe: é o que nos mantém de pé. Literalmente e figurativamente. 

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

O poder de um autor.


Hoje estava refletindo, durante a aula de Literatura, sobre eu-lírico. O professor, em meio a calorosa explicação do assunto, disse que o eu-lírico é alguém diferente do autor, que a "voz" do texto é diferente de quem cria a "voz", e como muitas pessoas confundem um e outro. Por fim fechou o raciocínio com "o eu-lírico é o sentimento do texto, o hoje. Amanhã, meus queridos, vocês podem ler o texto que escreveram hoje e não mais se reconhecer, reconhecer os sentimentos, porque o autor muda, o eu-lírico do texto feito, não." e eu sorri ao ouvir tal afirmação me preenchendo inteiramente dessa verdade. 
São incontáveis vezes as que eu me vejo lendo textos, trechos, frases ou até um relato de um diário antigo e não mais vejo aquela menina-mulher que deliberadamente deu força àquelas palavras. Quão inocentes ou quão corretos éramos quando crianças, quando mal tínhamos vivido o suficiente pra dar conselhos não baseados na teoria, quando pensávamos que o mundo era algo fácil de lidar e havia apenas dois caminhos: ou você comia biscoito ou comia pão doce. 
E agora, aqui, enquanto escrevo esse texto na madrugada (tendo que acordar cedo amanhã de manhã) vejo que a ideia de eterno para um autor é real e plena, porque nós - mediadores do poder das palavras - temos o eterno na ponta dos dedos e no coração. Esse texto é eterno, essas palavras que agora solto aqui não morrerão, não mudarão, mesmo que quem as escreve seja outra pessoa amanhã. Textos, poesias, palavras: eternas, puras, intocáveis e imaculadas. O sentimento que agora preencho cada linha pode não fazer sentido pra mim daqui a uns anos, no entanto, haverá sempre alguém que ao ler, irá revivê-lo. A alma de um texto é infinitamente maior que a do autor, do leitor, ela pertence à eternidade. 
Penso e repenso mas nunca me canso de refletir no poder que as palavras têm. Talvez seja por isso que eu queira ser psicóloga e escritora (sim, as duas coisas): acredito piamente que as palavras e o que elas transmitem tem a capacidade de tornar o tudo em nada e o nada em tudo, pode manter a humanidade viva ou matá-la, pode tornar alguém surpreendentemente bom ou inigualavelmente mal. Como eu amo a ideia de deter nas minhas mãos um dom e uma maldição, me sentir um pouco deusa, um pouco poderosa, especial. 
Há um trecho que se encaixa perfeitamente na minha ideia e eu, pessoalmente, amo com todas as forças, ele é de Harry Potter e as Relíquias da morte (J.K Rowling) e diz através do riquíssimo personagem Alvo Dumbledore: 
"Palavras são, na minha nada humilde opinião, nossa inesgotável fonte de magia. Capazes de formar grandes sofrimentos e também de remedia-los".
E esse é só mais um motivo para eu amar ser escritora (se é que posso me chamar assim): a magia escorre das palavras e preenche a mente, domina e envolve o coração. Nada é mais perigoso e ao mesmo tempo benéfico e renovador do que a palavra. 

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Então, querido 2014...


Meu caro ano novo, você chegou de surpresa, sem me deixar me acostumar com a ideia que o ano velho já estava nos seus últimos suspiros. O que eu devo esperar de você? Há tantas possibilidades, há... tantas novas formas de me sentir alegre, feliz, triste, dolorida, infeliz, emocionada, sentimental! Há tantas que chega a me dar medo. 
Não peço que me surpreenda porque essas surpresas da vida tem sido bem desagradáveis, então peço que me deixe te surpreender, e que me dê uns puxões de orelha para que eu realmente tente te surpreender. Você ta chegando e automaticamente me faz lembrar que eu não sou mais criança, que estou velha demais pra não me preocupar com dezenas de coisas que agora eu enxergo, e me esfrega na cara também as tantas liberdades que agora estão diante de mim e eu tenho que batalhar para conquistar. Ah, sim, você pesa, querido ano, e a idade então? Pesa demais. 
Tenho tentado não esperar muito de você, deixar as minhas expectativas baixas, já que o primeiro dia do seu reinado dentro de mim está com um clima um tanto melancólico. Não sou supersticiosa, não acho que isso seja um mal presságio, mas é que o ano velho me deu muito de melancolia, só queria agora um pouquinho que seja de alegria, entende? Não desprezando nosso velhote, agradeço pela oportunidade de vivê-lo, mas não vou ser hipócrita de dizer que foi um ano bom. Digamos que houve árduas batalhas e vitórias grandiosas, mas que como toda combatente, fiquei um pouco ferida. Logo serão só cicatrizes, não é? Estou contando com você e o tempo para que elas se fechem, querido ano-bebê. 
De qualquer modo, seja bonzinho, ta bom? Prometo tentar lhe aproveitar bem. E sobre aqueles sonhos sussurrados durante o seu nascimento, à meia noite... por favor, faça-os real. Uma mão lava a outra, que tal? Serei grata. 
Nos falaremos daqui a 364 dias, 2014. Até.