quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

O poder de um autor.


Hoje estava refletindo, durante a aula de Literatura, sobre eu-lírico. O professor, em meio a calorosa explicação do assunto, disse que o eu-lírico é alguém diferente do autor, que a "voz" do texto é diferente de quem cria a "voz", e como muitas pessoas confundem um e outro. Por fim fechou o raciocínio com "o eu-lírico é o sentimento do texto, o hoje. Amanhã, meus queridos, vocês podem ler o texto que escreveram hoje e não mais se reconhecer, reconhecer os sentimentos, porque o autor muda, o eu-lírico do texto feito, não." e eu sorri ao ouvir tal afirmação me preenchendo inteiramente dessa verdade. 
São incontáveis vezes as que eu me vejo lendo textos, trechos, frases ou até um relato de um diário antigo e não mais vejo aquela menina-mulher que deliberadamente deu força àquelas palavras. Quão inocentes ou quão corretos éramos quando crianças, quando mal tínhamos vivido o suficiente pra dar conselhos não baseados na teoria, quando pensávamos que o mundo era algo fácil de lidar e havia apenas dois caminhos: ou você comia biscoito ou comia pão doce. 
E agora, aqui, enquanto escrevo esse texto na madrugada (tendo que acordar cedo amanhã de manhã) vejo que a ideia de eterno para um autor é real e plena, porque nós - mediadores do poder das palavras - temos o eterno na ponta dos dedos e no coração. Esse texto é eterno, essas palavras que agora solto aqui não morrerão, não mudarão, mesmo que quem as escreve seja outra pessoa amanhã. Textos, poesias, palavras: eternas, puras, intocáveis e imaculadas. O sentimento que agora preencho cada linha pode não fazer sentido pra mim daqui a uns anos, no entanto, haverá sempre alguém que ao ler, irá revivê-lo. A alma de um texto é infinitamente maior que a do autor, do leitor, ela pertence à eternidade. 
Penso e repenso mas nunca me canso de refletir no poder que as palavras têm. Talvez seja por isso que eu queira ser psicóloga e escritora (sim, as duas coisas): acredito piamente que as palavras e o que elas transmitem tem a capacidade de tornar o tudo em nada e o nada em tudo, pode manter a humanidade viva ou matá-la, pode tornar alguém surpreendentemente bom ou inigualavelmente mal. Como eu amo a ideia de deter nas minhas mãos um dom e uma maldição, me sentir um pouco deusa, um pouco poderosa, especial. 
Há um trecho que se encaixa perfeitamente na minha ideia e eu, pessoalmente, amo com todas as forças, ele é de Harry Potter e as Relíquias da morte (J.K Rowling) e diz através do riquíssimo personagem Alvo Dumbledore: 
"Palavras são, na minha nada humilde opinião, nossa inesgotável fonte de magia. Capazes de formar grandes sofrimentos e também de remedia-los".
E esse é só mais um motivo para eu amar ser escritora (se é que posso me chamar assim): a magia escorre das palavras e preenche a mente, domina e envolve o coração. Nada é mais perigoso e ao mesmo tempo benéfico e renovador do que a palavra. 

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Então, querido 2014...


Meu caro ano novo, você chegou de surpresa, sem me deixar me acostumar com a ideia que o ano velho já estava nos seus últimos suspiros. O que eu devo esperar de você? Há tantas possibilidades, há... tantas novas formas de me sentir alegre, feliz, triste, dolorida, infeliz, emocionada, sentimental! Há tantas que chega a me dar medo. 
Não peço que me surpreenda porque essas surpresas da vida tem sido bem desagradáveis, então peço que me deixe te surpreender, e que me dê uns puxões de orelha para que eu realmente tente te surpreender. Você ta chegando e automaticamente me faz lembrar que eu não sou mais criança, que estou velha demais pra não me preocupar com dezenas de coisas que agora eu enxergo, e me esfrega na cara também as tantas liberdades que agora estão diante de mim e eu tenho que batalhar para conquistar. Ah, sim, você pesa, querido ano, e a idade então? Pesa demais. 
Tenho tentado não esperar muito de você, deixar as minhas expectativas baixas, já que o primeiro dia do seu reinado dentro de mim está com um clima um tanto melancólico. Não sou supersticiosa, não acho que isso seja um mal presságio, mas é que o ano velho me deu muito de melancolia, só queria agora um pouquinho que seja de alegria, entende? Não desprezando nosso velhote, agradeço pela oportunidade de vivê-lo, mas não vou ser hipócrita de dizer que foi um ano bom. Digamos que houve árduas batalhas e vitórias grandiosas, mas que como toda combatente, fiquei um pouco ferida. Logo serão só cicatrizes, não é? Estou contando com você e o tempo para que elas se fechem, querido ano-bebê. 
De qualquer modo, seja bonzinho, ta bom? Prometo tentar lhe aproveitar bem. E sobre aqueles sonhos sussurrados durante o seu nascimento, à meia noite... por favor, faça-os real. Uma mão lava a outra, que tal? Serei grata. 
Nos falaremos daqui a 364 dias, 2014. Até.