quinta-feira, 19 de setembro de 2013

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É claro que não me importo
É claro que não me preocupo
Sou jovem, inexperiente, irresponsável
Como esperam que eu decida minha vida?
Como esperam que eu queira o certo?
Quero comer doces, quero dormir até tarde
Quero conversar, quero desperdiçar o tempo
Não estou pronto para decidir meu futuro
Minhas dores são tolas, meus problemas são estúpidos
Meu mundo é pequeno, minhas dúvidas são abismais
Nem ao menos tenho certezas
Minha maior batalha é contra as espinhas
Minha maior vitória é sair da cama de manhã
Meu futuro mais distante se extende até a próxim refeição
Meu maior sonho é chegar ao final de semana
E esperam que eu decida minha vida

Sou preguiçoso, sou desmotivado
Sou despreparado, sou desinteressado
Sou entediado,sou estúpido
Mas não posso dizer isso, não posso admitir meus erros
As expectativas são muito grandes, a pressão é muito forte
Sou punido por admitir meus defeitos

Um jovem que age como jovem é reprimido
Não podemos ser jovens, não há tempo para isso
Não há tempo para viver o presente
Pois o futuro já chega amanhã

A sinceridade é punida
então não digo nada disso
Então sorrio e falo com confiança
Então faço uma escolha sem me importar
Então tomo uma decisão sem pensae
Então finjo estar preparado
Então finjo estar decidido
E espero apenas
que as coisas demorem a dar errado.


(Apolo Blans Lima)

domingo, 8 de setembro de 2013

Metamorfose em forma de mulher.


Ela era alguém que vivia à sombra do mundo. De forma clara, estava no lugar errado. Era linda, mas não como devia. Sabia das coisas, mas era dissimulada ao ponto de ser sonsa. Era perfeitamente linda, engraçada, inteligente. Quem a via não imaginava do que ela era capaz.
Por de trás da capa de menina moça vivia uma força estupidamente incontrolável de cunho vingativo, e que, de certa forma, a faria um ser respeitável e forte. Nada poderia detê-la. Nem o mais forte dos anjos decaídos na mais fria e cálida noite de inverno no inferno. Ela era determinada, de uma determinação desconhecida, apesar de ser insegura, sendo, portanto, contraditória.
Era víbora e lebre, cão e gato, chocolate e alface, vida e morte. E por detrás de tanta força a delicadeza meiga de uma menininha leve de sonhos leves e olhar pesado. Menina que já era mulher, menina que a vida metamorfizou.
Menina que sonhava em ter uma menina... Ou um menino talvez; que pensava seriamente na sensação de ser mãe, tinha como um dos seus sonhos prediletos. Sonho ou meta, será que se sabe?
Da sua fina mão de poetiza, saem textos de uma técnica inexplicável. Talento? Reencarnação? Psicografia? Inspiração? Nem um ser superior sabe ao certo.
Aquela que nasceu no mundo de Júpiter, se criou na casa de Minerva, bebeu da água de Diana, inspirou a casa de Baco, impressionou um cupido e vive como Vênus.
Vênus. Talvez essa seria a melhor forma de descrevê-la. Ou seria uma Helena de Tróia? Cleópatra? Ou estaria mais voltada pra força de Margaret Thatcher...
Ainda bem que de certo o Ser Superior a consignou ao nosso plano, planeta, vida, lugar, vizinhança, idade...
Seria deveras triste a vida sem a existência da Deusa, da mulher vita.
Voltando a falar dos olhos: Sendo eles que mostram a alma, esta seria triste? Alegre? Porque justamente ela com esses "Olhos de cigana oblíqua e dissimulada"?
O fato é: Nem que eu tente mil vezes pelos próximos dez mil anos, não conseguirei descrever precisamente a Amazona que existe no coração desta mulher.


- Gabriel Falcão.