O dia se esvaia pelos últimos raios de sol. A escuridão prematura, por causa das nuvens carregas de chuva, a fazia suspirar. As primeiras gotas da chuva fria molharam seus ombros, ela gostava da sensação nostálgica que a chuva lhe trazia, era quase... feliz.
Aquele dia havia sido triste, ela ainda sentia o gosto de choro em sua garganta, enquanto os esparmos e soluços estavam, enfim, parando e deixando-a respirar sem dificuldades. Ela iria deixar uma fase para trás, um cenário da sua história, deixaria pessoas com quem viveu durante anos para seguir o seu objetivo. Olhando assim, até parece egoísmo, pensou ela limpando as lágrimas quentes do rosto enquanto sentia as gotículas frias de chuva tomarem seu lugar.
Deus sabe o quando ela sentiria saudades dali. Das risadas, dos escorregões na grama molhada, nos personagens mal desenhados na lousa, das risadas e gracinhas durante as aulas, da batucada ritmada nas carteiras da música do queen, dos abraços de todos dali. Tudo, por mais entediante e estúpido que tenha sido, fizeram parte de sua história, de parte da sua infância e adolescência.
Agora, enquanto caminhava completamente ensopada pelas ruas de sua cidade, percebia que mesmo que ela tivesse que ir, aquilo sempre estaria dentro dela, sempre nela, grudado, inundando-a, como as lágrimas e a chuva faziam agora.