segunda-feira, 21 de julho de 2014

Meros devaneios.


Constantemente reflito sobre pontos naturais da rotina. Aqueles sorrisos idiotas ao lembrar algum fato bom, seja uma piada completamente sem graça mas que riu até a barriga doer, seja um beijo roubado entre sussurros numa tarde quente; ou aquele embrulho no estômago quando percebe que em certos pontos da sua vida a coisa anda meio amarrada, em um nó de confusão e desencontros. O modo como vivemos a vida, ou sobrevivemos, tem vários detalhes que - se olhar bem de perto, com carinho e atenção - brilham feito pequenos caquinhos de vidro ao sol. 
Nós, meros humanos, somos uma junção de caquinhos de vidro: por um lado lindos e por outro perigosos, podemos fazer alguém sangrar. Como diz A Morte em certo livro "os humanos me assombram", e depois de refletir o suficiente esta frase, percebo que faz todo o sentido... somos assombrosos, somos magníficos e terríveis, de um extremo ao outro, como uma erupção vulcânica pode ser dependendo da perspectiva. 
Sem falar do que somos feitos... E aqui eu não me refiro ao esqueleto, aos músculos, à pele ou o coração que pulsa, mas sobre como o meio nos modifica, como a situação nos modifica, sobre do que são feitos os sentimentos e pensamentos. 
Cada um é diferente, cada um é moldado à seus sofrimentos e glórias. A dor ensina mais que o amor, mas o amor molda melhor que a dor... são necessárias doses certas. Obviamente, não vivemos num mundo ideal, há sempre dois pesos e duas medidas, e de repente tudo é uma perfeita confusão: sentir é complicado, pensar é complicado, cada um com seu peso e sua medida de sofrimento e amor e essa é a grande diferença de um ser humano e outro: o amor e a dor podem criar desde o mais belo anjo  ao monstro tenebroso. É complicado. 
Não sei exatamente qual dos dois sou, não sei sequer se é possível saber, só sei que esses meus devaneios só não me enlouquecem porque antes disso as palavras fogem e se organizam, aqui, belas e cálidas, em forma de frases e linhas. E você lê. Obrigada por ler. São só meros devaneios... não se preocupe, eu também sou feita de cacos de vidro. Olhe contra o sol, posso produzir belos reflexos... talvez até muitas cores, mas eu também sangro.